28 junho 2006

A sede que a gente ainda não sente

por Patrícia Braga

Gostaria de dar uma boa dica para a galera engajada e antenada com a sétima arte. É o documentário “Sede” ("Thrist"), dos realizadores Alan Snitow e Deborah Kaufman (EUA). Assisti a esse filme há poucos dias e simplesmente me encantei com a prova de como esse gênero, sempre tão discriminado no mundo dos blockbusters, é tão importante para a construção dos valores da nossa cultura, assim como, quando feito com responsabilidade e embasamento, pode nos permitir discussões e reflexões atuais e necessárias.

A temática gira em torno da hipótese real da escassez de água prevista pelos cientistas e pesquisadores para um futuro não muito distante, e as medidas que vêm sendo tomadas hoje em relação a isso. O panorama sobre o qual tudo acontece, é o de um encontro mundial para discussão do tema. O ponto conflitante da trama se concentra nas medidas públicas adotadas através das privatizações e a reação da população à comercialização desse bem natural, de que todos tanto precisamos.

Desde o povo boliviano que foi às ruas e conseguiu expulsar uma multinacional estabelecida lá por concessão governamental, passando pelo indiano que construiu poços para canalizar a água das chuvas num ambiente de clima totalmente árido, até a luta desesperada de cidadãos americanos na busca de votos para vetar a insistência autoritária de um prefeito na privatização de uma estação de tratamento de água. Tudo está lá.

Tudo que acontece nesse espaço globalizado, em várias outras sociedades que não a nossa, enquanto nós, tão conectados à rede mundial, estamos totalmente por fora. Não participamos desse processo de discussão e mobilização mundial que acontece aqui e agora, em nosso tempo. Não nos preparamos para uma ameaça que se coloca devastadoramente frente às previsões futuras. Nem sequer sabemos dos argumentos que a sustentam como ameaçadora. Mas, ainda assim, contraditoriamente, consumimos garrafinhas de água caríssimas e importadas que nos são enviadas com um apelo comercial ligado ao status. Nem se quer sabemos dos precedentes dessa água. Se são águas de bica francesa, ou de fontes brasileiras em São Lourenço, recém-compradas pela Coca-Cola.

Assistam e confiram. E indignem-se. E percebam um problema de nosso tempo. E sintam-se motivados a participar ativamente na resolução de mais um paradigma que se apresenta à sobrevivência de nossa espécie.

26 junho 2006

No ar, o Núcleo de Audiovisual da Cufa, estrelando a vinheta do Criança Esperança 2006

730 projetos de todo Brasil foram analisados para receber os recursos do Criança Esperança em 2006. A Cufa está na lista dos 64 selecionados.

por Joyce Santos

O trabalho social e cultural desenvolvido pela Cufa/CDD é destaque na vinheta do Criança Esperança 2006 que está no ar nos intervalos comerciais da Rede Globo de Televisão, desde a última quarta-feira, dia 21 de junho. A apresentadora Angélica esteve na Cidade de Deus, no dia 16, para gravar as cenas com integrantes do núcleo de audiovisual, projeto apoiado pelo Criança Esperança.



Uma das cenas do comercial gravado com o núcleo de audiovisual da Cufa/CDD.



A parceria com a Rede Globo e a Unesco perdura há mais de dois anos e já rendeu uma apresentação, em 2004, da Cia de Teatro da Cufa no show promovido anualmente pela emissora para a campanha de arrecadação do Criança Esperança.

Vinheta do Criança Esperança 2006 Cufa/CDD

18 junho 2006

Luz, câmera, alunos da Cufa/CDD em ação!

Alunos das oficinas da Cufa/CCD
participam da gravação do clipe de MV Bill


por Joyce Santos

O dia 14 de junho de 2006 certamente será lembrado como um dia de muito trabalho, mas também de muita festa, pelas 20 crianças que participaram da gravação do clipe “Preto em movimento”, faixa do novo CD do rapper MV Bill ("Falcão - O bagulho é doido").

As salas e o pátio da creche Centro Integrado São José, localizada na Cidade de Deus, foram os cenários, onde meninos e meninas contracenaram com o rapper. O roteiro, construído a partir da conhecida pergunta “O que você quer ser quando crescer?”, trata dos sonhos e das suas possibilidades de realização no futuro das crianças.

Apesar do cansaço, depois do longo dia de trabalho todos expressam o sorriso de que no presente, ao menos, muitos sonhos já estão se realizando. Parabéns meninos!


Veja o making-off da gravação registrado pela equipe de produção Cufa/CDD:



Em cena
com MV Bill.




Gravando!




Uma pausa nas
gravações.


O diretor Bruno Murtinho (à direita), o mesmo do premiado "O Salto", do grupo O Rappa, orienta a equipe.

05 junho 2006

A voz e a vez do morro

por Joyce Santos

A galera da Cufa/CDD marca presença na reportagem da Revista O Globo, do último domingo, 04 de junho, que retrata a força e a diversidade da produção artística que vem das favelas cariocas. A qualidade e inovação dos movimentos de dança, música, teatro e cinema que surgem nas periferias do Rio, superando as barreiras da pobreza e da violência, fazem com que personalidades como o cineasta Cáca Diegues apontem a arte dos morros como a grande novidade da cultura nacional.



Na reportagem, Anderson Quak, fundador da Cia. de Teatro da Cufa e coordenador do curso de audiovisual, fala de algumas de suas produções como o espetáculo adolescente “Papo Calcinha” e o documentário “Tu não tá sozinho não”, sobre o sambista Deny de Lima, e também da necessidade de democratização das salas de exibição para que os moradores da favela possam ter, de fato, acesso aos bens culturais.
- Ingresso de filme a R$18 não dá, ressalta Quak.

Nega Gizza diz que seu interesse por uma formação audiovisual veio da necessidade de ver uma outra realidade das favelas, que não apenas a mostrada pela visão “oficial”.
- Fico orgulhosa em ouvir de alguns dos nossos uma outra verdade, destaca Gizza.

Com muitos sonhos, criatividade e, principalmente, muito trabalho, a Cufa é um dos grupos que protagoniza esta virada da cena cultural do país. As palavras de Cacá marcam este momento, em que a favela mostra que chegou a vez de revelar por si própria a sua voz:
- Agora, são estes meninos que vão falar da vida deles, do que eles sentem desde que nascem na favela.